The Missing Part of Me

Hoje decidi fazer o que não fazia a muito.
A coragem tinha morrido e nem ousava ligar esta pequena caixinha recheada de um mundo paralelo.

Hoje estou fraca, sinto-me monótona e perdida. Já me sinto assim ah muito tempo, para ser sincera, mas estes últimos dois dias têm sido terrificantes.



Deixei de escrever pois a minha inspiração acabou.. Morreu.
No entanto, a dor é tão forte que me dá forças para exprimir o que vai cá dentro e expeli-la do meu interior por uns segundos, através de lágrimas sem destino.



Recordo-me como se fosse ontem de vê-lo dormir. Naquela pequena espreguiçadeira debruçado sobre as pernas na horizontal. O seu rosto sereno encantava-me! Não o queria deixar dormir pois cá no meu interior temia algo, queria aproveitar todos os segundos partilhados com aquela criatura de longos cabelos negros. Nessa mesma noite, afastei-me de todos e sentei-me sozinha na relva a ver a noite enquanto tentava acalmar um amigo que havera sofrido de amor.. Ele veio serenamente ter comigo e sentou-se a meu lado proclamando " Estás bem ? ". A noite já era escura, o céu estava roxo, mal iluminava o seu rosto pálido mas esbelto. Contudo, sussurrei um vago "estou bem" e mandei-o para junto dos outros, sempre a olhar para trás e vê-lo desaparecer na noite.
Já no dia seguinte, observava-o junto á piscina, mergulhando o corpo cor de mármore Phigés na água transparente... Agora, era eu debruçada sobre a espreguiçadeira branca numa tentativa frustrada de fechar os olhos solenemente e adormecer, mas ele não deixava, mal me via fechar os olhos corria e molhava-ma todo o corpo.

Sinto falta destes momentos.



Quando o conheci pessoalmente ripostei-e bruscamente contra o banco do comboio, sentada a seu lado enquanto o espreitava docilmente pelo canto do olho, envergonhada..
Foi nesse mesmo dia que o vi abraçar os amigos e desejei ser eu naquela posição um dia. E fui, nessa mesma tarde pediu-me um abraço, e eu que gosto tanto de abraços puros, retribui-lhe o menos timidamente que consegui. O que me custou muito, não gosto de abraçar ninguém, pois tenho medo de nunca mais o puder fazer. Ele sabia, ao contrário de todos que me viam como uma rapariga extrovertida e um tanto parva, ele sabia que eu não era assim, reconhecia-me ao longe.

Era bom, qualquer pessoa invejaria a nossa amizade, eu sei que sim! Mas acima de tudo sei que para mim era o irmão que nunca tive, o apoio que nunca me deixava cair, a lágrima que se contia.




E agora ? Agora tudo o que me restam são as memórias e as tentativas delinquentes de reaver o meu pequeno anjo...
Fui ler os textos da sua mãe, e num em especial, enquanto corria para baixo, vi 3 fotografias. Não aguentei e chorei como se não houvesse amanhã, procurando um alagador, a única lembrança física que restou.



Todos estes sentimentos são estranhos, não consigo proclamar o seu nome sem tremer ou sentir o coração em mil pedaços. Dizem que o tempo cura, mas será mesmo verdade ? Só me trás mais saudade e doí cada vez mais.



Nos primeiros dias em que não me falava, só chorava e tinha pesadelos com ele todas as noites, tinha de ligar ao André ( um dos meus maiores amigos )a chorar e contar tudo para voltar a adormecer.
Quando ex namorada dele me ligava tinha de lhe pedir por tudo para não falar dele, doía tanto e ela parecia fazer de propósito. Mas eu sou parva.. Doi mas não consigo magoar os outros propositadamente... Tive de lhe contar o que a mãe dele escreveu sobre ela enquanto chorava e fazia de tudo por ela não me ouvir chorar. Aqui estou a jorrar lágrimas pelos olhos, sem demonstrar uma única gota de tristeza, apesar de me atirar á cara que " Então e tu? O que achas-te do que ela escreveu sobre mim? Não ficas-te triste nem coras ? Estás normal! " NÃO ESTOU NADA NORMAL!! ÓBVIO QUE CHOREI E ESTOU A CHORAR!!! MAS É PELO QUE LI SOBRE ELE, POR SAUDADES!
Estou farta que me subestime e só fale dela... Só me apetece dizer-lhe adeus, e manda-la catar porcos, mas não consigo, e não sei porquê. Talvez mereça ouvi-la falar das suas historias que me cortam por dentro.



Um dos meus maiores amigos, afirma que estou a ficar paranóica, e a psicóloga afirma uma depressão a caminho, ainda me lembro de dizer-me que as depressões somos nós que queremos... Eu não quero nada, senão o meu melhor amigo de volta.